Hoje, 28/02/11, estou stressado! Joelho doendo muito, não consigo andar direito quanto mais andar de skate. Então resolvi fazer esse primeiro post, sem muito blábláblá, sem um português bem trabalho, sem revisão, sem censura...
No skate não existe currículo ou portfólio, a própria vida do skatista é sua identidade, sua apresentação. Mas suponhamos que você recebesse esse currículo para “a vaga” de skatista na sua marca:
- Capa e entrevista de varias revistas;
- Parte em vários vídeos;
- Produtos assinados com ótima venda pelas marcas que passei;
- Ótimas colocações em campeonato;
- Norte Americano.
- Tenho 37 anos
- Atualmente estou empregado.
É resumo é um currículo de peso que só não poderia ser traduzido para o português (brasileiro), as duas últimas linhas não andam juntas no Brasil, as marca brasileiras tem aversão à skatistas acima dos 30.
No final de 2010 uma notícia abalou o skate brasileiro (e a mim em particular) quando Rafael Russo, o skatista brasileiro com maior tempo em uma marca, foi demitido. A questão é que a repercussão e abrangência do assunto vão além da demissão. O episódio traz ao skatista brasileiro uma insegurança de sua carreira muito grande já que, ele consegue patrocínio aos 17, se torna PRO aos 25 e aos 30 anos é forçado a se aposentar e sem direito algum. Ainda, a renovação rápida de ídolos tira a referência de uma geração, que se espelha em alguém que em pouco tempo passará da condição de ídolo para skatista desempregado. A necessidade de criação de ídolos é algo preocupante, força ou forjar um ídolo além de caro é problemático e é o que hoje se tenta fazer no Brasil.
Seguindo um raciocínio bem simples é fácil saber por que as marcas mantêm ou contratam skatistas mais velhos (se é que podemos chamar alguém de 30 ou 35 anos de velho no skate) na América. Skatistas de outras gerações (acho que achei o termo certo) já possuem uma estrutura de carreira formada, com sua historia que passa ser “propriedade” da marca, podendo ser explorada pela mídia, etc, trazendo retorno de investimento para o contratante. A lógica é simples: uma mídia entrevistaria um amador que acabou de se profissionalizar ou alguém que é profissional há alguns anos e tem historias da carreira de PRO para contar? Pode ser relativo, mas, a tendência é ir a que tem algo interessante para apresentar. A Converse nos EUA, por exemplo, tem 11 skatistas, 9 profissionais onde 4 estão acima dos 30 anos.
Ainda bem que temos marcas com a mais nova do mercado Liga Trucks, do próprio Rafael Russo, que já utilizou dessa lógica e vem colhendo bastantes frutos!
Enfim, o “currículo” acima é do Ronnie Creager (Ronnie Incrível para minha geração) que aparece nesse vídeo feito pela Blind em comemoração ao seu 37º aniversário e andando pouco, coitado. Blind que, inclusive, contratou no final do ano a lenda Sean Sheffey, também com 37 anos e muita historia para contar. Mas o currículo poderia ser facilmente de James Bambam, Rafael Cabral, Wagner Profeta, de tantos outros que influenciaram minha geração e tiveram a carreira prematuramente interrompida. Temos que dar graças por existirem skatistas como Biano Bianchin e Fabio Cristiano que conseguem ainda, mesmo depois dos 30 e muitos anos, andar de skate com a disposição e manobras de qualquer skatista de 20, e sobreviver de skate no Brasil.
Obrigaaaaaaaaaahhhhh!
OBS.: Esse post descreve uma opinião pessoal, sendo passiva de comentários, opiniões e críticas.